A mais recente pesquisa
CNI/Ibope veio corroborar o que alguns analistas políticos e agentes econômicos
consultados já computavam em seus cenários: o quadro eleitoral está muito
volátil e a sucessão presidencial de 2014 deverá ser definida em segundo turno.
Na avaliação do especialista
em marketing político e pesquisas eleitorais Sidney Kuntz, a presidente Dilma
Rousseff (PT) não deve vencer as eleições em primeiro turno porque o grau de
insatisfação do eleitorado é grande, em torno dos 60%, e o nível de
conhecimento dos seus opositores ainda é pequeno.
“Trabalho com a perspectiva de
a eleição presidencial ser definida no segundo turno há mais de um mês e como
tenho instituto de pesquisa (a Unidade de Pesquisa), posso afirmar que a
vantagem de Dilma não está consolidada e a oposição tem espaço para virar o
jogo”, diz Kuntz.
O cientista político da
Tendência Consultoria Integrada, Rafael Cortez, também segue na mesma linha.
“Estamos trabalhando com cenário de segundo turno para essa eleição
presidencial. E há uma chance relevante da oposição vencer este pleito”, atesta
ele.
Para Cortez, apesar do
favoritismo que a presidente Dilma Rousseff registra nas recentes pesquisas de
intenção de voto, o cenário está negativo para o governo. Ele cita, por
exemplo, o baixo crescimento combinado com a inflação, sobretudo no grupo de
alimentos, que é um item sensível na cesta de consumo dos indivíduos, a
possibilidade de racionamento de energia, a crise e a eventual CPI da
Petrobras, a Copa do Mundo que ainda é uma fonte de incertezas e a percepção de
desgoverno.
Para o cientista político e
professor de administração pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo
Marco Antonio Carvalho Teixeira, a queda nas pesquisas de intenção de voto para
a presidente Dilma Rousseff deverá ter um impacto imediato em um de seus
principais aliados, o PMDB. “O enfraquecimento de uma candidatura acaba sempre
aumentando a pressão no arco de alianças e a que o PT mantém com o PMDB não
anda nada bem”, reitera.
Segundo Carvalho Teixeira, o
pleito presidencial deste ano vive uma realidade invertida do que foi o de
2002, quando o petista Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa contra o
tucano José Serra. O cientista político lembra que naquela ocasião, Serra teve
como vice a peemedebista Rita Camata, mesmo assim, as bases do PMDB trabalharam
para Lula.
Este ano, com a rebelião do
PMDB, o vice deverá continuar com a legenda, mas as bases em alguns Estados
importantes, como Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul
prometem trabalhar para a oposição. “Por isso não se pode descartar a disputa
em segundo turno”, destacou.
Fonte: Estadão / R7
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