A Justiça dos Estados Unidos
determinou o congelamentos dos bens do grupo Telexfree, acusado de ser uma
pirâmide financeira que amealhou cerca de R$ 3 bilhões em todo o mundo. No
Brasil, estima-se que 1 milhão investiram no negócio.
O pedido foi feito pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) americana, que considerou a Telexfree uma
“máquina de fazer dinheiro” operada por um grupo de oito acusados, dos quais
dois brasileiros.
A Telexfree diz ter levantado
cerca de R$ 3 bilhões, mas a documentação em poder da CVMamericana, por
enquanto, só confirma a existência de R$ 674 milhões – o paradeiro da maioria
desse volume, entretanto, segue desconhecido.
Ainda assim, o bloqueio
judicial permitiu assegurar “milhões de dólares e impedir a dissipação dos bens
dos investidores” atraídos para uma “pirâmide financeira sofisticada”
disfarçada de venda de telefonia VoIP, segundo a CVM.
Nos últimos meses, os acusados
tentaram desviar R$ 67 milhões da empresa, parte desse valor para contas em
Cingapura e na República Domincana.
A decisão pelo bloqueio foi
dada pela Justiça americana na quarta-feira (16), um dia depois de a Telexfree
ser declarada uma pirâmide por uma unidade de fiscalização de Massachusetts,
onde a empresa tem a sede. Pouco antes, a empresa havia entrado com um pedido
de recuperação judicial.
São acusados de operar a
fraude James Matthew Merrill, Steve Labriola e o brasileiro Carlos Wanzeler,
fundadores da Telexfree e Joseph H. Craft, presidente financeiro do grupo.
A medida, entretanto, também
atingiu grandes divulgadores: o brasileiro Sanderley Rodrigues, premiado como
líder mundial do negócio em 2013; Randy Crosby e Faith Sloan.
Em 2006, Rodrigues já havia
sido acusado de liderar uma outra pirâmide financeira nos Estados Unidos.
A reportagem não consegui
contato comCrosby e Faith. Rodrigues não respondeu aos contatos da reportagem.
Os pequenos empresários
Merrill, Wanzeler e Labriola criaram a Telexfree em 2002 nos EUA, mas o negócio
ganhou força em 2012, quando tomou a forma atual e começou a fazer sucesso no
Brasil.
A Telexfree promete lucro
rápido na venda de pacotes VoIP e colocação de anúncios na internet. Para
aderir, os investidores têm de pagar taxas de adesão.
Segundo a CVM americana, entretanto, a Telexfree faturou
apenas R$ 2,9 milhões com vendas de pactoes VoIP entre agosto de 2012 e março
de 2014, ou pouco mais de 1% dos R$ 2,5 bilhões que prometeu pagar aos
divulgadores. Nesse período, a empresa vendeu 26,3 mil pacotes VoIP, embora
admita ter cerca de 700 mil divulgadores em todo o mundo.
Assim, o negócio se sustenta
das taxas de adesão pagas pelos associados, acusam as autoridades americanas.
No Brasil, estima-se que a
Telexfree tenha atraído cerca de 1 milhão de pessoas entre 2012, quando começou
a atuar, e junho de 2013, quando o braço brasileiro foi bloqueado a pedido do
Ministério Público do Acre. O processo, que pede ressarcimento aos
divulgadores, ainda não julgado.
O bloqueio no Brasil também
não impediu que a Telexfree continuasse a captar gente no País. Como o iG
mostrou, a empresa ainda permitia a adesão de residentes daqui por meio de suas
unidades nos Estados Unidos.
IG
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